Luiza Nadalutti

O terreno escolhido para o projeto se encontra ao sul da área central da capital San Miguel de Tucumán, no noroeste da Argentina. O entorno próximo, tipicamente residencial, está passando por um recente processo de transformação, e hoje vemos construções de um ou dois pavimentos e alguns edifícios recentes mais verticalizados que despontam nessa paisagem predominantemente horizontal.

Pensando que o projeto pode ser exemplo para as futuras transformações da região, visto que a configuração espacial do entorno imediato não está consolidada, propõe-se um edifício de média altura, com térreo permeável e integrado à rua, com espaços públicos que fomentem um entrelaçamento social, urbano e produtivo entre os moradores e a população do entorno. Optou-se por trabalhar a implantação garantindo recuos e vazios internos ao lote. Em relação à orientação dos ambientes das unidades habitacionais, evitou-se colocar os quartos e salas para o sul, onde a entrada de radiação solar é prejudicada no inverno. Além disso, as varandas, privativas e coletivas, auxiliam no sombreamento das aberturas no verão.

No térreo, o programa consiste em espaços de comércio, convívio e aprendizagem relacionados à alimentação. No terraço, uma horta comunitária. Além da possibilidade de geração de renda para os moradores que se engajarem no cultivo dos produtos, e da participação em eventos colaborativos que podem ser organizados na cozinha-escola, o terraço e o térreo oferecem um  espaço de convívio e sensibilização para o tema atual da terra urbana produtiva, e a sua relação com outros impasses do morar contemporâneo nas grandes cidades.